Em seus impropérios, o edil sulista se referiu aos mais de 200 trabalhadores submetidos em vinhedos da região a condição análoga à escravidão, como sendo culpados pelo estado onde os mesmos se encontravam.

Para tanto bradou: “Agora o patrão vai ter que pagar empregada pra fazer limpeza todo dia para os bonitos também?”. E o coach do atraso, aconselha de forma ensandecida: “Vou dar um conselho para os agricultores, produtores, empresas agrícolas: … Não contratem mais aquela gente lá de cima! Conversem comigo e vamos criar uma linha para contratar os argentinos, porque todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje, só batem palmas. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem horários e mantêm a casa limpa e no dia de ir embora ainda agradecem ao patrão”.

E se referindo diretamente aos conterrâneos de Ruy Barbosa, Jorge Amado e Juliano Moreira, arrematou: “Agora, com os baianos que a única cultura que tem é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema… Deixe de lado aquele povo, que é acostumado com carnaval e festa, pra vocês não se incomodar novamente”.

Nós baianos da cultura da praia e tambor só temos a nos orgulhar destas duas grandiosas referências mundiais que nos identificam enquanto povo e territorialmente.

As nossas praias, segundo a plataforma TripAdvisor, sempre ranquearam entre as melhores do mundo, enquanto o tambor é uma marca registrada do nosso povo, da nossa cultura e, em especial, do Olodum.

Os tambores do Olodum atraíram e sensibilizaram personalidades como Paul Simon, Jimmy Cliff e Michael Jackson, dando ao Brasil uma visibilidade só proporcionada por Pelé e pela Seleção Brasileira. Por isso, não apenas viajamos para tocar em mais de 40 países, mas, fomos laureados com diferentes prêmios, comendas e diplomas.

Por isso o tambor nos orgulha e, a ele, dedicamos o tema do carnaval do Bloco Afro Olodum em 2023: Tambores, a batida do coração, os caminhos da eternidade.

Ao tocar nossos tambores nós educamos, promovemos a inclusão, ao tempo que geramos emprego e renda. Promovemos a paz, o respeito às pluridiversidade e o combate a todas as formas de discriminação.

Levamos alegria e consciência de que estamos em um mundo onde não cabe mais descasos, insultos e ofensas.

Nós do Olodum estamos atentos e comprometidos com o combate a atitudes discriminatórias contra a nossa cultura e o nosso povo e, por isso, as abominamos e exigimos da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul as providências cabíveis com relação ao decoro e, da polícia civil, do ministério público e do poder judiciário, as devidas apurações com vistas à punição exemplar do caso.

OLODUM NA AVENIDA

(Cado Silva e Zenilton Ferraz)

“O toque do tambor

É forte arrepia de dentro do peito

Quem faz a festa é o coração

Vou descer de Olodum amor

Olodum eu sei que vou

Vou descer de Olodum amor

Olodum de Salvador”.

Diretoria Executiva do Olodum, Salvador-BA