Todos os anos, o sol nasce diferente na Bahia no dia 2 de julho. Nossa data magna, símbolo da independência do Brasil na Bahia, evoca o espírito de luta e resistência do povo baiano. E é sob esse céu simbólico que acontece o XXXIV Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho, uma celebração da música e da cultura que reúne filarmônicas de diversas partes do estado no coração de Salvador.
Em 2025, o encontro acontece logo após o tradicional cortejo e a cerimônia do Fogo Simbólico, no Campo Grande, a partir das 17h30, com acesso gratuito ao público. O evento reafirma a força da música instrumental no cenário cultural baiano e brasileiro, promovendo o intercâmbio entre músicos de diferentes regiões e fortalecendo os vínculos entre tradição, território e identidade.
A cada edição, a curadoria do evento valoriza a diversidade das formações participantes, revelando a riqueza e a vitalidade das filarmônicas da Bahia. Este ano, como atração especial, o Encontro contará com a participação da cantora Laurinha Arantes, uma das criadoras da Axé Music, que interpretará canções com arranjos inéditos para voz e banda filarmônica, ao lado da Oficina de Frevos e Dobrados.
Programação:
o XXXIV Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho tem patrocínio da Fundação Gregório de Mattos e da Prefeitura Municipal do Salvador, através da Secretaria da Cultura e Turismo. A direção geral é de Fred Dantas.
Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Salvador, Criada em 2008, a Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Salvador é um dos braços culturais da segurança pública da capital baiana. Composta por 18 músicos concursados e regida pelo maestro Hamilton Fernando, a banda atua diretamente na promoção da cidadania e da cultura por meio da música.
Integrada à Coordenação de Ações de Prevenção à Violência da Guarda Municipal, a iniciativa nasceu com o objetivo de democratizar o acesso à música nas comunidades, reforçando o conceito de uma “guarda cidadã”. As apresentações da banda têm forte viés social, contribuindo para o resgate dos laços comunitários e o fortalecimento do sentimento de pertencimento e valorização da vida em sociedade.
O repertório é amplo e dialoga com o público ao incluir releituras de diversos gêneros da música brasileira, além da participação em eventos cívicos e cerimônias oficiais da cidade. Mais do que entretenimento, a Banda de Música da Guarda Civil é uma ferramenta de transformação social e valorização da cultura local.
Banda Filarmônica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Sob a regência dos professores Joel Barbosa, Celso Benedito e Antônio Carlos Portela, a Banda Filarmônica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) é um dos mais expressivos núcleos de preservação e inovação da música de concerto no estado. Fundada em 2009 por Barbosa e Benedito, a formação dá continuidade à tradição iniciada pela antiga Banda Sinfônica da UFBA, criada e conduzida por décadas pelo professor Host Schwebel.
Ao longo de seus 16 anos de trajetória, a Filarmônica da UFBA tem reunido instrumentistas oriundos de mais de 30 filarmônicas baianas, além de músicos de pelo menos dez estados brasileiros, atraídos à Bahia pela excelência da Escola de Música da UFBA. O grupo se destaca por um repertório que equilibra obras universais adaptadas ao formato de banda, peças essenciais para a formação de qualquer músico, com a valorização da produção tradicional das filarmônicas baianas e a abertura a composições inéditas contemporâneas.
A Filarmônica reafirma, assim, seu papel como espaço vivo de formação, memória e experimentação musical.
Sociedade Filarmônica 13 de Junho de Paratinga, Fundada em 1902, em pleno alvorecer da República, a Sociedade Filarmônica 13 de Junho de Paratinga é uma das mais tradicionais do interior baiano. Criada com o apoio dos líderes políticos da época, os chamados coronéis, a filarmônica tornou-se símbolo de prestígio e identidade cultural na região do Médio São Francisco.
Sob a regência do mestre Célio Borges Santos, a 13 de Junho atravessou o século XX como referência musical e, hoje, reafirma sua relevância social e cultural ao incorporar em seu trabalho influências das comunidades indígenas e quilombolas locais. A instituição mantém viva a memória musical da cidade com um vasto acervo de partituras e atua como espaço de formação e inclusão, acolhendo atualmente 75 alunos em suas escolinhas de música e contando com 49 músicos em atividade.
Reconhecida como Ponto de Cultura do Estado da Bahia, a Filarmônica 13 de Junho segue firme em seu compromisso com a cultura, a educação e a valorização das expressões populares do sertão baiano.
Filarmônica Euterpe Lapense, Sob a regência do mestre Gilberto Júnior, a Filarmônica Euterpe Lapense é um verdadeiro patrimônio cultural do sudoeste baiano. Fundada em 1918, às margens do Rio São Francisco, em Bom Jesus da Lapa — cidade marcada por forte devoção religiosa —, a filarmônica tem presença garantida em eventos religiosos e culturais da região há mais de um século.
Mais que preservar a tradição, a Euterpe Lapense atua como agente de transformação social, oferecendo formação musical gratuita para crianças, jovens e adultos da comunidade. O projeto já conta com 35 alunos na escolinha de música, prontos para formar uma segunda banda, que poderá atuar de forma independente ou em conjunto com a principal.
Em uma região onde poucas corporações musicais seguem ativas, a Filarmônica Euterpe Lapense se destaca como símbolo de resistência cultural e inclusão, reafirmando o poder transformador da música.
Filarmônica 5 de Março de Muritiba, Com 128 anos de existência, a Associação Educacional e Musical 5 de Março, da cidade de Muritiba, é um dos mais importantes patrimônios musicais da Bahia. Guardiã de um riquíssimo arquivo musical e de uma história marcada pela excelência e compromisso com a cultura popular, a Filarmônica segue viva sob a maestria de Ivonete Reis — referência no Recôncavo baiano —, a presidência de Alfeu Fraga e a direção artística de Rudney Machado.
A banda mantém atualmente 30 músicos em atividade e uma escolinha de música que acolhe 25 jovens, garantindo a renovação de saberes e a permanência dessa tradição centenária. O repertório da 5 de Março, desde os tempos do lendário Maestro Vado, transita entre o clássico e o popular, refletindo a pluralidade da música brasileira.
Presença constante em eventos de grande relevância, como o Cortejo do 2 de Julho em Salvador, o Encontro de Filarmônicas em São Félix, o Recôncavo Afro Festival em Santo Amaro e as tradicionais procissões religiosas do interior, a Filarmônica 5 de Março reafirma, a cada apresentação, a potência da cultura popular e o valor simbólico das bandas filarmônicas na história do Brasil.
Reconhecida por sua ousadia estética, a Oficina foi pioneira ao executar dobrados atonais e em compassos irregulares, expandindo as fronteiras do repertório tradicional das filarmônicas. Também foi berço dos primeiros arranjos da música Axé, que marcaria a identidade sonora da Bahia nos anos 1980 e 1990.
O grupo já dividiu palcos e gravações com nomes como Dorival Caymmi, Paulo Moura, Moraes Moreira, Daniela Mercury, Gerônimo, Armandinho e Margareth Menezes. Em 2025, apresenta pela primeira vez o Bolero Estevam Dantas, de Almiro Adeodato Oliveira, com solo de Fred Dantas. Como de costume, a banda será anfitriã da atração convidada no 2 de Julho: a jovem cantora Laurinha Arantes.
Hoje, à frente do projeto MemoriAxé, dedica-se a preservar as raízes da música baiana, reverenciando ritmos como ijexá, samba-reggae e frevo, e homenageando os nomes que fizeram a história do axé. Em sintonia com os 40 anos do movimento, Laurinha participa pela primeira vez do XXXIV Encontro de Filarmônicas, interpretando sucessos acompanhada apenas por instrumentos de sopro e percussão, em uma celebração à riqueza melódica das bandas do interior da Bahia.