A edição brasileira do maior festival de cultura negra do mundo aconteceu no último final de semana no Parque de Exposições de Salvador, nos dias 18 e 19 de novembro, reunindo um público de 50 mil pessoas, quando somados os dois dias do evento. Além de inserir a capital baiana na rota dos grandes festivais globais, movimentando a economia na cidade em setores como turismo, comércio e moda, o AFROPUNK Bahia estruturou uma série de pautas ESG (Ambiental, Social e Governança), realizadas com sucesso nos dois dias de shows.
“O AFROPUNK não é somente um evento de entretenimento. O DNA do festival em si já levanta uma pauta social muito importante, que é o anti racismo, mas entendemos também que é uma oportunidade de realização e fortalecimento de ações ambientais. Buscamos trazer iniciativas inovadoras para o evento, com acolhimento do público através de ações de acessibilidade e equidade, além da redução de impacto gerado pelo festival, que vai além da gestão completa de resíduos. Nossa proposta foi de também fortalecer as cooperativas, dar palco aos catadores e aproveitar a oportunidade para trabalhar educação ambiental com o público”, ressalta Leide Laje, coordenadora ESG do AFROPUNK.
A inovação é uma das principais marcas do AFROPUNK e isso não fica restrito apenas a line-up, que pelo terceiro ano trouxe para Salvador artistas que ainda não haviam se apresentado no evento, oportunizando que o público assistisse a shows inéditos de grandes artistas nacionais e internacionais - inclusive a estreia da norte-americana Victoria Monét na América Latina. Por lá, o público teve acesso a bebedouros abertos com distribuição gratuita de água, além de ser o primeiro festival do Brasil com estação de compostagem ao vivo e aberta ao público - a ação contou com uma cooperativa contratada e utilização de tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Outras ações ambientais marcaram a edição: reciclagem; coleta de óleo de cozinha para ser transformado em sabão em barra, detergente ou sabão em pasta; reutilização de elementos da cenografia, como banners e tecidos, através de uma ONG de costura solidária de mulheres do bairro do Uruguai, em Salvador; ação de compensação de emissões de carbono através do plantio de 1.000 mudas nativas de Mata Atlântica para a construção de um jardim na sede da ONG Abraço à Microcefalia; bem como a doação do composto orgânico dos resíduos das praças de alimentação para o novo jardim da organização.
Por falar nas praças de alimentação, 60% das opções eram vegetarianas e/ou veganas, e, por lá, não havia plástico de uso único. Todas as estruturas de banheiros do lounge e arena contaram com dispositivos economizadores de água - e todos eram inclusivos. Houve, ainda, ações de educação ambiental e engajamento do público, iluminação 100% eficiente e a atuação de cooperativa de reciclagem durante a montagem e desmontagem.
No âmbito social da sigla, o festival - que tem uma equipe de 90% das pessoas autodeclaradas pretas - executou um plano de acessibilidade e inclusão e de geração de renda e integração com a comunidade do entorno. Houve ainda a promoção de empregabilidade local e ação de mobilidade urbana para acolhimento e conforto das equipes de informações e produção.
Visando potencializar a região, o AFROPUNK Bahia realizou parcerias que divulgaram os roteiros associados ao evento no turismo, patrimônio edificado, ambiental e cultural. A edição brasileira do festival global implantou o protocolo de uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e comportamento seguro, e destinou parte dos ingressos para uma lista de pessoas trans, travestis e não-binárias, além de listas sociais conectadas a instituições e universidades, reafirmando a proposta de que o festival precisa ser vivido por todes. Fones de audiodescrição foram distribuídos, houve tradução em libras nos dois palcos e catracas acessíveis. Os balcões das praças de alimentação eram rebaixados, cadeiras de rodas estavam disponíveis, haviam plataformas PCD e foram construídas na estrutura do Parque de Exposições rampas antiderrapantes sinalizadas.
Última letra que forma a sigla, na área de Governança as iniciativas também se destacaram. Através do plano ESG para todo o evento, houve o direcionamento de estratégias e ações e divulgação dos resultados e indicadores para as equipes e para o público. A comunicação inclusiva contra qualquer tipo de preconceito ou discurso de ódio fez parte do festival. O AFROPUNK Bahia envolveu o público nos planos de sustentabilidade e incentivos para engajamento com estratégias criativas para despertar o interesse nas medidas sustentáveis.
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