A ação ocorre após a Prefeitura fechar parceria e concluir a primeira etapa de obras de revitalização do equipamento, que reabre com a premiada exposição “Um Defeito de Cor”.
Salvador passa a ter de volta um dos espaços mais emblemáticos de valorização e história do povo negro na cidade e no país. O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), situado na Rua das Vassouras, no Centro Histórico, foi reinaugurado nesta segunda-feira (6) depois de ficar três anos de portas fechadas devido à pandemia da Covid-19. A ação ocorre após a Prefeitura fechar parceria e concluir a primeira etapa de obras de revitalização do equipamento, que reabre com a premiada exposição “Um Defeito de Cor”.
Neste primeiro momento, as intervenções envolveram adequação de espaços internos como manutenções de paredes, sistema elétrico e de ar-condicionado, iluminação e melhorias no piso. Mais duas etapas estão previstas para ocorrer, sendo uma delas a reforma do anexo do museu, cujo projeto está em atualização para abertura de licitação. Na outra, a Prefeitura articula cessão de um edifício ao lado do próprio Muncab, visando ampliar a estrutura. O investimento total é R$ 15 milhões.
“Vamos fazer aqui um complexo que vai levar o Muncab a ser o maior museu da cultura afro-brasileira das Américas, como tem que ser. Esse equipamento vai resgatar e valorizar a história do povo negro da nossa cidade, sendo mais um ponto de visitação para milhares de baianos e turistas, ajudando a gente a consolidar Salvador como principal destino turístico do Brasil”, destacou Bruno Reis.
A reinauguração do Muncab integra a programação do Novembro Salvador Capital Afro, iniciativa municipal para celebrar e valorizar a ancestralidade e cultura de matriz africana. “Esse local não apenas preserva nossa história, mas também educa as gerações futuras sobre a importância da cultura negra. Vamos, além de investir em obras, trabalhar para aquisição de acervos e para promoção deste espaço como destino”, completou o prefeito.
O Muncab funciona no prédio do antigo Tesouro do Estado da Bahia, sendo criado em 2009 como realização de um sonho coletivo do movimento negro. “Esse é espaço de reflexão, de reconexão, de preservação e valorização das artes e dos artistas negros. Esse museu pertence a toda a comunidade e a gente fica muito feliz de estar reabrindo as portas”, disse a diretora do local, Cintia Maria.
A gestora acrescentou que a expectativa é que o Muncab tenha uma infraestrutura museológica de ponta. “Isso vai possibilitar que a gente possa receber grandes exposições internacionais, pois o museu passará a cumprir todos os parâmetros para recebê-las”, salientou.
Para o titular da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, a volta do museu é um marco na história da capital baiana. “Três pontos tornam o Muncab fundamental para nossa cidade. Esse é um local de tributo à nossa ancestralidade, de oportunidades para aprendermos sobre as lutas, belezas, conquistas e desafios enfrentados pelo povo negro ao longo da história, assim como um símbolo de inclusão onde a cultura afro-brasileira é celebrada e valorizada”, listou.
Já a secretária da Reparação (Semur), Ivete Sacramento, afirmou que festejar o Novembro Negro é executar ações concretas em prol de políticas raciais. “Tudo que a gente tinha para discutir em termos de promoção da igualdade racial, já discutimos. Agora temos que fazer o que ainda falta. O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira vai resgatar nossa cultura para além da gestão municipal. Salvador tem que adotar espaço através de visitação e divulgação”, reforçou.
Exposição - A partir desta segunda (6), o Muncab volta a receber o público com a exposição “Um Defeito de Cor”. Até o dia 12, o acesso será gratuito e os ingressos já podem ser retirados através do link (
https://linkme.bio/muncab). Depois disso, a entrada será feita mediante pagamento de R$ 20 inteira e R$ 10 meia. O funcionamento é de terça a domingo, de 10h às 17h.
Com cerca de 370 obras de mais de 100 artistas do Brasil e do mundo, “Um Defeito de Cor” chega a Salvador após estreia no Museu de Arte do Rio. A exposição conta a história de Kehinde, uma africana escravizada que, após muitas adversidades, consegue sua liberdade e parte em busca do filho. O acervo conta com pinturas, esculturas, fotografias e material audiovisual e ficará à mostra até 3 de março de 2024.
“A sensação que eu tenho é que a história voltou para casa. A gente precisa parar de pensar que podemos abrir mão das nossas instituições, parar de pensar que a gente pode abrir mão de uma potência negra que se expressa e conta a sua história”, salientou a autora do livro homônimo que inspira a exposição, Ana Maria Gonçalves.